quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Obama e o Brasil

A diplomacia de Obama e o Brasil

Coluna Econômica - 14/10/2009

Qual será a política diplomática dos Estados Unidos, na era Obama, em relação à América Latina? O Observatório Político Sul-Americano, do Instituto de Pesquisas do Rio de Janeiro, analisou quatro think tanks (grupos de análise) influentes dos Estados Unidos: do Brookings Institution, do Council on Foreign Relations, da Americas Society e do Council of the Americas e da FLACSO (Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociais).

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O tema central - no apanhado desses quatro institutos - é a questão energética. Os estudos apontam, algo assustados, para o fato do consumo norte-americano depender em 30% da América Latina, mais do que os 20% importados do Oriente Médio.

Preocupa também o crescimento da demanda mundial e o envelhecimento dos poços de países da OECD e do México, gargalos nas áreas de refino e produção e instabilidade política e nacionalismo em regiões de grande produção.

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Chamam a atenção para as oportunidades de negócios na América Latina, como provedora de petróleo, gás e biocombustíveis. As possibilidades maiores de negócios estão nas áreas de refino e produção, ajudando a reduzir a dependência do Oriente Médio.

Mas, para tanto, os EUA precisariam enfrentar o problema da instabilidade política em países de grande produção e o chamado "nacionalismo de recursos". Esse termo define a orientação de alguns governos de assumir o controle desses bens, visando se apropriar de parcelas maiores da renda. Esse procedimento tem atrapalhado a integração energética do continente.

Os três países apontados são Venezuela, Bolívia e Equador. Especialmente a Venezuela, que é o quarto maior exportador para os EUA.
Preocupa a política de Hugo Chávez, de aplicar os recursos do petróleo em programas de bem estar social e projetos públicos, governando por decreto e ampliando seu poder em relação aos demais poderes da República.

O Equador é citado como portador da chamada "doença holandesa" - excesso de dólares entrando, apreciando a moeda local e matando a competitividade da indústria nacional.

Apenas um dos relatórios - o da FLACSO - aponta para a inevitabilidade de, em regimes democráticos, a população pressionar para ser beneficiada pelos ganhos da exploração de petróleo.

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O conjunto de relatórios aponta o Brasil como peça chave para a solução do problema energético norte-americano. Aposta-se no pré-sal para o Brasil assumir a liderança das exportações de petróleo para os EUA. O Brasil é apontado como exemplo de como uma estatal (a Petrobras) soube conviver com um cenário amigável e atraente para os investidores externos. O relatório da FLACSO prevê já para 2012 o Brasil como o maior produtor da região.

Também a experiência brasileira com biocombustíveis é enaltecida. Citam como evidência promissora a ação da diplomacia brasileira de fechar acordos com vários países do mundo. Alguns dos relatórios recomendam explicitamente o fim do subsídio ao milho, pelo governo norte-americano.

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Texto extraído do blog de Luis Nassif em 14.10.2009

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