quarta-feira, 31 de março de 2010

Conselho de Segurança versus Irã


Interessante infográfico que mostra a situação do CS da ONU em relação ao Irã e seu programa nuclear, publicado no jornal O Estado de S. Paulo - http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,negociador-iraniano-discute-programa-nuclear-com-china,531835,0.htm

terça-feira, 30 de março de 2010

Proliferação nuclear

Clube nuclear

HÁ AO MENOS um simbolismo positivo no novo tratado de desarmamento nuclear entre EUA e Rússia, anunciado pelos presidentes Barack Obama e Dmitri Medvedev na sexta-feira.
A meta é reduzir em sete anos o arsenal de cada um dos países para um máximo de 1.550 ogivas com capacidade de alcance intercontinental. Os norte-americanos detêm atualmente cerca de 2.200 artefatos deste tipo, e os russos, 2.800.
Obama anunciou o plano como um passo importante para superar a herança dos "dias mais negros" da Guerra Fria. "Fortalecemos nossos esforços globais para impedir a proliferação destas armas e garantir que outras nações assumam suas próprias responsabilidades", completou.
O recado tem mais de um destinatário. A começar pelo Irã, que Washington acusa de desenvolver programa nuclear com fins militares, e pelos países, como o Brasil, que hesitam em apoiar sanções contra Teerã no Conselho de Segurança.
A mensagem também destina-se aos envolvidos na revisão quinquenal do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP). Para tentar conter o surgimento de novas potências atômicas, os EUA pressionam países que não aderiram ao Protocolo Adicional do TNP -caso do Brasil- a fazê-lo. O protocolo autoriza inspeções não programadas em unidades de enriquecimento de urânio dos signatários.
É no mínimo duvidoso que o acordo contribua para alcançar tais objetivos. Mesmo com os cortes, os dois países continuarão a ter os maiores arsenais do mundo, o que limita a possibilidade de servirem de exemplo para quem quer que seja.
A dinâmica que impulsiona novos países a desenvolverem armas nucleares, de resto, segue uma lógica que escapa à relação entre EUA e Rússia. É difícil crer que a tendência de longo prazo, quanto a isso, não seja oposta à desejada pelo governo dos EUA. O mais provável é que o número de integrantes do clube venha a crescer nos próximos anos.

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Editorial publicado no jornal Folha de S. Paulo em 29 de março de 2010.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Economia

País volta a ser oitava maior economia

Após 11 anos, Brasil voltou ao posto que havia sido perdido para a Rússia segundo ranking que considera PIBs em dólares

Crescimento ajuda a atrair mais investidores e a elevar influência geopolítica; dados foram compilados pela Economist Intelligence Unit

ÉRICA FRAGA
ESPECIAL PARA A FOLHA

A recente crise mundial alçou o Brasil à condição de oitava maior economia do mundo em 2009. É a primeira vez desde 1998 que o pais ocupa essa posição no ranking global com o PIB (Produto Interno Bruto) medido em dólares.
A crise econômica no mundo desenvolvido, a fortaleza do real e políticas anticíclicas bem sucedidas adotadas pelo governo contribuíram para esse resultado. Mas por trás da performance brasileira há também deficiências, como uma economia ainda fechada, que se travestiram de vantagem durante a crise, mas que no longo prazo tendem a voltar a pesar negativamente na trajetória do país.
O desempenho da economia brasileira já havia sido favorável entre 2007 e 2008, quando passou da décima à nona posição no ranking mundial, deixando para trás a Espanha e o Canadá, embora tenha sido ultrapassado pela Rússia. Com esse movimento, o Brasil também passou a ser a segunda maior economia das Américas, atrás apenas dos Estados Unidos.
Ganhar posições no ranking de maiores economias é positivo porque torna o país mais atrativo para investidores externos e aumenta seu peso geopolítico. Mas desde que a mudança seja sustentável; e, de preferência, se trouxer chances de mais progresso no futuro.
Colocando o caso brasileiro em perspectiva histórica, não se pode dizer que a melhoria registrada nos últimos dois anos represente um fato inédito. Há décadas o país oscila entre a oitava e a décima posição (embora tenha estado pontualmente também em sétimo e décimo terceiro lugares desde 1980).
O câmbio costumava ser fator primordial nas mudanças do Brasil no ranking das maiores economias. Na última vez em que havia ocupado a oitava posição, em 1998, foi derrubado pela maxidesvalorização do real em janeiro do ano seguinte, caindo para décimo lugar.
No ano passado a força do real também colaborou para a melhoria relativa do Brasil. Prova disso é o fato de que o tamanho da economia brasileira medido pela chamada paridade do poder de compra (PPP) -que ajusta os valores absolutos do PIB de acordo com o custo de vida em cada país -se manteve na nona posição.
Mas não foi só o câmbio. Outros fatores também ajudaram o Brasil, como o próprio desempenho da economia e o fato de ser relativamente fechado.

ÉRICA FRAGA é editora sênior da consultoria britânica Economist Intelligence Unit (EIU)

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Publicado no jornal Folha de S. Paulo em 28 de março de 2010.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Geografia


Governo "fatia" Amazônia para guiar ações
Macrozoneamento define 10 áreas principais e limita novos assentamentos rurais no coração da floresta


EDUARDO SCOLESE

A Amazônia Legal será dividida em dez áreas e cada uma delas terá uma estratégia própria de preservação e de desenvolvimento econômico.
O fatiamento faz parte do chamado "macrozoneamento" da região, apresentado ontem pelo Ministério do Meio Ambiente e que, em dias, deve ser transformado em decreto pelo presidente Lula.
Na prática, esse documento passa a ser uma diretriz para qualquer tipo de ação territorial, econômica (pública e privada) e ambiental nos Estados do Norte, em Mato Grosso e parte do Maranhão.
O decreto presidencial não criará novas regras. Por isso, para funcionar de fato, terá de contar com a colaboração de Estados e municípios.
"Esse olhar conjunto da Amazônia é uma estratégia para que a região possa ser mais preservada, se desenvolva e esse zoneamento não fique no papel", disse ontem o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente).
A definição das dez áreas ocorreu após anos de conversas. Cada área tem a sua característica e sua estratégia.
Por exemplo: a primeira, chamada de "coração florestal", pega quase a totalidade de Acre e Amazonas e trechos de Pará, Amapá e Roraima. O objetivo é deixá-la quase intocável, já que abriga a maior porção de florestas intocadas da região. Nessa região, novos assentamentos rurais serão limitados.
Outra área, que pega o sul do Amazonas e o centro-sul paraense, chamada de "contenção de frentes de expansão", servirá como uma espécie de cinturão verde para proteger o avanço da soja e da pecuária. Para isso, será priorizada a criação de unidades de conservação.
No norte de Mato Grosso estará a área "diversificação da fronteira agroflorestal e pecuária". A ideia é focar ali na implantação de uma indústria sustentável da madeira e incentivos à expansão da agricultura em pastagens degradadas.



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Publicado no jornal Folha de S. Paulo em 25 de março de 2010.

terça-feira, 23 de março de 2010

Rodada Doha

COMÉRCIO

Novo impasse deve levar à suspensão da Rodada Doha

LUCIANA COELHO
DE GENEBRA

Negociadores comerciais de alto escalão começaram ontem uma reunião que segue até sexta para avaliar o que e como fazer com a Rodada Doha de liberalização do comércio global. A resposta latente, ainda que o discurso oficial seja outro, é dar um enterro digno a algo morto há dois anos. Mas como fazer isso ninguém sabe.
Os avanços desde 2008 foram imperceptíveis e focados em aspectos processuais e técnicos. Persistem os desentendimentos sobre subsídios, dumping e políticas antidumping, acesso a mercados e outros enroscos mais.
Os EUA são apontados como o suspeito usual, e em Washington o governo do democrata Barack Obama, que raspou seu capital político para aprovar no fim de semana a reforma do sistema de saúde, não parece disposto a comprar a briga com a bancada agrícola em ano de eleição legislativa.
Como aos olhos dos demais países é dos EUA que deveria vir o primeiro aceno, ainda que pequeno e simbólico, ninguém se mexe.
Os pronunciamentos dos líderes das comissões especiais de negociação ontem saíram como uma fieira de lamentos. Nos sete encontros ao longo dos últimos 12 meses, disseram os negociadores, não se criaram convergências. Apenas os desacordos foram expostos.
Agora restam poucas opções. A primeira, como sugerido pelo ministro australiano do Comércio, Simon Crean, é "desligar os aparelhos" e partir para a próxima.
Outra possibilidade é negociadores se concentrarem em desatar nós e deixar a palavra final sobre as questões mais cabeludas para os presidentes e premiês.
O prazo que os líderes do G20 puseram como limite sadio para concluir as negociações -e o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, ecoou- era este ano. Ontem, ninguém falou em 2010.

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Publicado no jornal Folha de S. Paulo, em 23 de março de 2010.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Inserção internacional

Há espaço para a "intrusão" do Brasil?


A certo ponto da reunião de ontem da comitiva brasileira com o príncipe Hassan ibn Talal, tio do rei Abdullah 2º, da Jordânia, e com o chanceler Nasser Judeh, os próprios brasileiros trouxeram ao diálogo uma dúvida que é recorrente no Brasil, fora do governo: disseram que às vezes sentem-se como "intrusos" no processo de paz no Oriente Médio.
"É o tipo da intrusão que queremos", responderam os dois jordanianos.
Resposta tranquilizadora para a ânsia com que o presidente Lula busca tornar-se parte do processo. Mera cortesia dos anfitriões, como de resto já havia acontecido em Israel e na Palestina, ou possibilidade real de participação?
Não há resposta definitiva por enquanto. Até porque o assessor diplomático de Lula, Marco Aurélio Garcia, deixa claro que só lá pelo meio do ano é que se terá uma visão algo mais clara de que participação o Brasil poderá ter e, assim mesmo, no futuro. Dificilmente será no governo Lula, aliás.
De todo modo, Marco Aurélio tem uma análise que é igual à que se faz em boa parte do mundo rico: "A crise dos grandes atores internacionais permite a emergência dos outros".
O chanceler Celso Amorim também adota um grau de realismo sobre o papel do Brasil que o voluntarismo do presidente às vezes sobredimensiona. Diz que o papel do Brasil "não é o de vir com uma fórmula pronta" para resolver o conflito, mas o de contribuir com o que chama de "um novo olhar sobre o problema".
"O ator fundamental continua sendo os Estados Unidos, mas tudo o que diz Washington desperta uma dada reação, ao passo que o Brasil não entra com uma bagagem de interesses estratégicos, militares e econômicos apenas para tentar melhorá-la", diz Amorim.
Marco Aurélio reforça o realismo quando é lembrado pela Folha que, antes de sentar novos atores à mesa de negociações, como seria o Brasil, é preciso haver a mesa, o que não existe hoje. "Tem coisas que não dominamos", admite.
Mas o Brasil não busca protagonismo apenas pela nobreza da causa da paz. "Não somos nem a Cruz Vermelha nem a Legião da Boa Vontade", ironiza Marco Aurélio.
O Brasil quer igualmente fazer negócios, expandir seu comércio, ter suas empresas atuando globalmente, o que significa presença também no Oriente Médio, o que hoje é complicado pela instabilidade. "Não nos interessa uma situação degradada, que ameaça a paz internacional", fecha o assessor da Presidência.

(CLÓVIS ROSSI)

Publicado no jornal Folha de S. Paulo, em 19 de março de 2010.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Irã e proliferação nuclear

Publicado no jornal Folha de S. Paulo de 08/03/2001, p. B2.

LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA

Irã e proliferação nuclear


O mundo tem problemas muito mais graves do que a eventual entrada do Irã no clube das potências nucleares

A SECRETÁRIA de Estado dos EUA, Hillary Clinton, esteve no Brasil na semana passada para convencer nosso governo a apoiar novas sanções econômicas contra o Irã, mas não obteve êxito. Talvez porque os interesses do Brasil nesse caso não sejam os mesmos dos EUA, ou porque nossa avaliação do problema da proliferação nuclear seja diferente da americana.
Depois do Iraque e de suas armas de destruição em massa, o Irã se tornou "o grande problema" da política internacional, e os Estados Unidos e a Europa ameaçam esse país com novas sanções, porque estaria construindo capacidade nuclear. Tenho dúvidas de que seja essa a motivação principal contra o Irã, dada a "lógica" da política internacional americana desde o 11 de Setembro, mas não vou me ater a essa questão.
A pergunta mais importante é: será que o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares é tão relevante para a paz mundial? Há um pressuposto tácito entre os bem pensantes de todo o mundo de que o tratado é fundamental para a paz, de forma que ninguém se dispõe a discuti-lo, mas é preciso fazê-lo.
Dois são seus objetivos formais: impedir que novos países se tornem capazes de produzir armas atômicas e promover o desarmamento nuclear dos países potências nucleares. Entretanto, significativamente, nenhum desses dois objetivos definidos em 1970 está sendo cumprido. Depois do tratado, a Índia, o Paquistão, Israel e provavelmente a Coreia do Norte se tornaram potências nucleares. E não houve sanções maiores contra os três primeiros países. Por outro lado, não tenho notícia da redução que o tratado previa dos arsenais atômicos dos grandes países.
Embora isso não esteja escrito, o objetivo maior do tratado é impedir que "países irresponsáveis" se armem nuclearmente. É impossível não estar de acordo com essa ideia. Mas o que é um país responsável? Por que o Paquistão e Israel são responsáveis enquanto o Irã não é? Não tenho dúvida quanto ao perigo de um país como a Coreia do Norte, enquanto é difícil, para mim, ver mais perigo no Irã do que, por exemplo, no Paquistão. O Irã é um grande país, herdeiro de uma civilização milenar. Entre os países do Oriente Médio, só a Turquia se compara a ele em termos de desenvolvimento. E é um país que se sente gravemente ameaçado desde que realizou sua revolução nacionalista e islâmica, em 1979.
A questão da ameaça é importante. Os grandes países não cumpriram o tratado, não se desarmaram, porque isso não é do seu interesse nem, creio eu, do interesse do resto do mundo. Ainda que haja outras razões para a paz mundial existente entre os grandes países desde 1945, a "détente" nuclear continua a ser uma delas. Nenhum país ousa atacar outro que tenha força nuclear. Ora, se a posse de armas atômicas é uma boa razão para a Rússia ou a para China não atacarem os EUA e vice-versa, por que não seria também uma boa razão para Israel não atacar o Irã e vice-versa? Os israelenses não tiveram dúvida quanto a essa questão. Por que os iranianos teriam menos legitimidade em ter a mesma opinião?
As armas nucleares são um perigo para todo o mundo, mas são também uma razão para que potências nucleares não façam mais guerras entre si. Não vivemos no mundo perfeito dos nossos sonhos, mas isso não se deve à existência de armas nucleares. O mundo tem problemas muito mais graves do que a eventual entrada do Irã no clube das potências nucleares. Vamos tratar desses problemas e deixar o Irã em paz.

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LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA, 75, professor emérito da Fundação Getulio Vargas, ex-ministro da Fazenda (governo Sarney), da Administração e Reforma do Estado (primeiro governo FHC) e da Ciência e Tecnologia (segundo governo FHC), é autor de "Globalização e Competição".
Internet: www.bresserpereira.org.br

bresserpereira@gmail.com

segunda-feira, 1 de março de 2010

Cursos 2010

CURSOS 2010/1

- CURSO EXTENSIVO (PREPARATÓRIO PARA O CONCURSO DE ADMISSÃO À CARREIRA DIPLOMÁTICA); INÍCIO: 8/03

- CURSO DE EXERCÍCIOS (ON LINE) PREPARATÓRIO PARA O CONCURSO DE ADMISSÃO À CARREIRA DIPLOMÁTICA; INÍCIO: ABRIL

- CURSO REGULAR DE LÍNGUA FRANCESA (TODOS OS NÍVEIS); INÍCIO: 8/03

- CURSO REGULAR DE ESPANHOL, DE INGLÊS E DE ALEMÃO, NÍVEL BÁSICO E INTERMEDIÁRIO; INÍCIO: ABRIL (AGENDE SUA PROVA DE NIVELAMENTO);

- CURSO DE PORTUGUÊS (GRAMÁTICA E INTERPRETAÇÃO TEXTUAL) E DE REDAÇÃO PARA CONCURSOS DE NÍVEL MÉDIO E DE NÍVEL SUPERIOR; INÍCIO: ABRIL


INFORMAÇÕES E RESERVAS: contato@cursodiplomacia.com.br
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