terça-feira, 23 de março de 2010

Rodada Doha

COMÉRCIO

Novo impasse deve levar à suspensão da Rodada Doha

LUCIANA COELHO
DE GENEBRA

Negociadores comerciais de alto escalão começaram ontem uma reunião que segue até sexta para avaliar o que e como fazer com a Rodada Doha de liberalização do comércio global. A resposta latente, ainda que o discurso oficial seja outro, é dar um enterro digno a algo morto há dois anos. Mas como fazer isso ninguém sabe.
Os avanços desde 2008 foram imperceptíveis e focados em aspectos processuais e técnicos. Persistem os desentendimentos sobre subsídios, dumping e políticas antidumping, acesso a mercados e outros enroscos mais.
Os EUA são apontados como o suspeito usual, e em Washington o governo do democrata Barack Obama, que raspou seu capital político para aprovar no fim de semana a reforma do sistema de saúde, não parece disposto a comprar a briga com a bancada agrícola em ano de eleição legislativa.
Como aos olhos dos demais países é dos EUA que deveria vir o primeiro aceno, ainda que pequeno e simbólico, ninguém se mexe.
Os pronunciamentos dos líderes das comissões especiais de negociação ontem saíram como uma fieira de lamentos. Nos sete encontros ao longo dos últimos 12 meses, disseram os negociadores, não se criaram convergências. Apenas os desacordos foram expostos.
Agora restam poucas opções. A primeira, como sugerido pelo ministro australiano do Comércio, Simon Crean, é "desligar os aparelhos" e partir para a próxima.
Outra possibilidade é negociadores se concentrarem em desatar nós e deixar a palavra final sobre as questões mais cabeludas para os presidentes e premiês.
O prazo que os líderes do G20 puseram como limite sadio para concluir as negociações -e o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, ecoou- era este ano. Ontem, ninguém falou em 2010.

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Publicado no jornal Folha de S. Paulo, em 23 de março de 2010.

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