A diplomacia de Obama e o Brasil
Coluna Econômica - 14/10/2009
***
O tema central - no apanhado desses quatro institutos - é a questão energética. Os estudos apontam, algo assustados, para o fato do consumo norte-americano depender em 30% da América Latina, mais do que os 20% importados do Oriente Médio.
Preocupa também o crescimento da demanda mundial e o envelhecimento dos poços de países da OECD e do México, gargalos nas áreas de refino e produção e instabilidade política e nacionalismo em regiões de grande produção.
***
Chamam a atenção para as oportunidades de negócios na América Latina, como provedora de petróleo, gás e biocombustíveis. As possibilidades maiores de negócios estão nas áreas de refino e produção, ajudando a reduzir a dependência do Oriente Médio.
Mas, para tanto, os EUA precisariam enfrentar o problema da instabilidade política em países de grande produção e o chamado "nacionalismo de recursos". Esse termo define a orientação de alguns governos de assumir o controle desses bens, visando se apropriar de parcelas maiores da renda. Esse procedimento tem atrapalhado a integração energética do continente.
Os três países apontados são Venezuela, Bolívia e Equador. Especialmente a Venezuela, que é o quarto maior exportador para os EUA.
Preocupa a política de Hugo Chávez, de aplicar os recursos do petróleo em programas de bem estar social e projetos públicos, governando por decreto e ampliando seu poder em relação aos demais poderes da República.
O Equador é citado como portador da chamada "doença holandesa" - excesso de dólares entrando, apreciando a moeda local e matando a competitividade da indústria nacional.
Apenas um dos relatórios - o da FLACSO - aponta para a inevitabilidade de, em regimes democráticos, a população pressionar para ser beneficiada pelos ganhos da exploração de petróleo.
***
O conjunto de relatórios aponta o Brasil como peça chave para a solução do problema energético norte-americano. Aposta-se no pré-sal para o Brasil assumir a liderança das exportações de petróleo para os EUA. O Brasil é apontado como exemplo de como uma estatal (a Petrobras) soube conviver com um cenário amigável e atraente para os investidores externos. O relatório da FLACSO prevê já para 2012 o Brasil como o maior produtor da região.
Também a experiência brasileira com biocombustíveis é enaltecida. Citam como evidência promissora a ação da diplomacia brasileira de fechar acordos com vários países do mundo. Alguns dos relatórios recomendam explicitamente o fim do subsídio ao milho, pelo governo norte-americano.
......................
Texto extraído do blog de Luis Nassif em 14.10.2009
Nenhum comentário:
Postar um comentário